Uma nobre e sábia manifestação do Exmo Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais de
Manaus/AM, Dr. Luiz Carlos Valois :
Lá vem
ele, todo sujo e esfarrapado. Trabalha na Justiça, mas ninguém respeita.
Outro dia
tentou defender um cidadão na delegacia, suspeito de um crime qualquer que já
estava preso como se condenado fosse, mas foi expulso pelo Delegado. Estava
atrapalhando as investigações.
Quando foi
atrás do juiz, este nem o escutou. Há coisas mais importantes com que se
preocupar e, afinal, o delegado é um funcionário público que sabe o que está
fazendo. Saiu triste do Fórum também.
Nosso
amigo é esquecido por todos. Nas cidades do interior então nem se fala. Quando
para lá vai tentar subir a voz, é logo calado pelo primeiro sargento com pinta
de delegado, juiz ou até desembargador.
Muitas
vezes falam bem dele na segunda instância, dão-lhe nomes latinos ou o colocam
entre aspas. Por trabalhar nesta área, ele se alegra com o respeito
demonstrado, mas logo cai na real: ninguém o respeita; os elogios eram só para
fazer belo o discurso.
Ele vai a
Brasília, tentar ser ouvido nos tribunais superiores, já cambaleante, ferido e
sem forças para muita coisa. De tanto falar, gritar e não ser ouvido, vai
perdendo a crença nele mesmo.
E é lá na
capital do país onde estão seus maiores detratores, no Congresso Nacional.
Mesmo assim, para lá ele vai buscar ajuda nas maiores cortes do país.
Quando é
ouvido, renovam-se as esperanças. Quando é pisado, amassado e chutado, nada
mais faz sentido.
Falo dele,
o nosso colega, tão presente nas aulas da faculdade: o princípio da presunção de inocência.
Luís Carlos Valois – Manaus, 22 de julho de 2009.